Cada vez que a taxa Selic sobe um ponto percentual, entra no cofre dos banqueiros e instituições financeiras R$ 36 bilhões. É tanto dinheiro, que metade deste valor seria suficiente para pagar, durante todo o mês, o Bolsa Família para 21,9 milhões de famílias e ainda sobrar quase R$ 5 bilhões.
Infelizmente, com a suposta independência do Banco Central aprovada pelo Congresso Nacional, Roberto Campos Neto e sua equipe têm liberdade para prosseguir entregando cada vez mais dinheiro aos banqueiros. Por essa ótica, não é viável a redução da taxa Selic, pois iria reduzir a quantidade de bilhões de reais que cairia nas mãos dos bancos e demais instituições financeiras que sempre ganharam muito dinheiro sem nenhum investimento no Brasil.
O Banco Central aposta sempre no quanto pior, melhor. Exemplo disto é último relatório Focus divulgado nesta segunda-feira, 6 de janeiro, trazendo projeção negativa para a economia. Na avaliação de Roberto Campos Neto, o PIB (toda produção industrial do Brasil no período de um ano) vai reduzir de 0,80% para 0,79%, abrindo brecha para o País cair em recessão.
De 2019 a 2021, dobrou o gasto com dívida pública
Segundo a economista da Auditoria Cidadã, Maria Lucia Fattorelli, em 2021, o governo federal gastou R$ 1,96 TRILHÃO com juros e amortizações da dívida pública, representando aumento de 42% em relação ao valor gasto em 2020, que por sua vez já tinha sido 33% superior a 2019.
De acordo com Maria Lucia, no período 2019/2021 os gastos financeiros com dívida federal praticamente dobraram. Em 2021, essa dívida aumentou de R$ 6,935 trilhões para R$ 7,643 trilhões. Neste sistema, outros investimentos necessários para o desenvolvimento do Brasil são deixados de lado, sob a conversa fiada da falta de dinheiro.
No gráfico do Orçamento Federal Executado (pago) em 2021, só com juros e amortizações, ou seja dinheiro que foi parar nos cofres do banqueiros, o Brasil pagou R$ 1, 96 TRILHÃO. O governo gastou 50,78% do Orçamento de 2021 para matar a fome de agiotas profissionais. Do outro lado, a Previdência Social ficou apenas com 19,58%, com a Saúde recebendo apenas 4,18% e a Educação 2,19%.
Para piorar a situação, em 2021 o governo tinha no seu caixa R$ 307 bilhões. Dinheiro que serve de garantia para deixar os banqueiros tranquilos de que o dinheiro para o pagamento dos próximos juros se encontra armazenado em caixa. Na Conta Única do Tesouro Nacional, no final de 2021, existia R$ 1,736 TRILHÃO. Dessa montanha de dinheiro, apenas R$ 54 bilhões foram destinados a áreas sociais.
O avô, Roberto Campos, acabou com estabilidade do trabalhador na década de 1960
O atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, trabalhou 17 anos no Santander (banco espanhol que comprou o Banespa e aniquilou as conquistas que os funcionários haviam conquistados com anos de lutas). Foi indicado pelo então presidente Bolsonaro e pelo ministro da Economia Paulo Guedes.
Defensores do liberalismo econômico e contra qualquer conquista do trabalhador, a nomeação de Campos Neto é para favorecer os banqueiros com o aumento da taxa Selic de juros, atualmente em 13,75%, retirando a inflação acumulada, o Brasil tem uma taxa de juros real de 8%, uma das mais altas do mundo.
O lema da família Campos Neto é remar contra o trabalhador. O avô dele, Roberto Campos, foi ministro do Planejamento na gestão Castelo Branco (1964-1967) durante a ditadura militar. É autoria de Roberto Campos a criação do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), em 1966, retirando várias conquistas dos trabalhadores, que antes do FGTS tinha estabilidade no emprego. Ou seja; não podiam ser demitidos por qualquer motivo.
A conversa de Roberto Campos, que entre a oposição era conhecido como Bob Fields, por apoiar todas as propostas que vinham do Exterior, ignorando o que fosse originário do Brasil. Roberto Campos foi grande apoiador da forte entrada do capital estrangeiro no País, ajudando a destruir diversas indústrias brasileiras, por causa de uma selvagem competição.
O FGTS, que tinha como ideia acabar com as favelas no Brasil, 57 anos depois serve apenas para construção de prédios para elite, em vez de diminuir a falta de moradia, aumentou com o País tendo hoje mais de 7 milhões de pessoas sem teto e condições de comprar um imóvel através de financiamento.